sábado, 9 de dezembro de 2017

Um kg de sal cmg msm

"Conhece-te a ti mesmo."
E eu, já cansada de ser sucessivamente devorada pela Esfinge, diariamente devorada pela Esfinge, ainda assim não percebi o que significava o auto-exílio que me impunha.
Olho o pacote de sal, já no final, e entendo. É bom compartilhar, conviver, mas um tempo comigo mesma era preciso.
"Você só conhece bem uma pessoa após comer um quilo de sal com ela." 
(Pq demora mto pra comer um kg de sal, vcs sabem...). 

Pois bem. Comi um quilo de sal comigo mesma.

domingo, 19 de novembro de 2017

Reflexões adiantadas - 3

    Num mundo em que acha estranho até a roupa que eu visto, e acredita, tolinho, que pode tirar conclusões sobre mim a partir de como eu me visto, ignorando que eu posso fazer o cosplay que eu quiser, ou ainda realmente me apresentar completamente diferente conforme meu desejo do dia (ou ainda o que tiver pra expressar no dia), é engraçado mas n surpresa que as pessoas buguem qdo se surpreendem com as coisas mais irrelevantes. Eu já chorei desfilando em escola de samba, e já desfilei em show do System of a Down, e em nenhum dos momentos eu estava fingindo pra e adaptar ao contexto. As duas pessoas são parte de mim. Cabe em mim fazer uso de substâncias entorpecentes e dizer "não, obrigado" qdo eu n quiser. Aliás, posso beber de vomitar ou tomar só um suco que a disposição de trocar, de rir, não some. Cabe em mim tanto o desejo de continuar saindo à noite para o resto da vida quanto cabe ir começando a fazer coisa de dia, agora que estou começando a testar novos meios de poder pegar sol. Cabe em mim tanto ter alergia do sol (mas que fique pra trás, por favor!) quanto amar o mar. Cabe em mim amar o mar e ter pavor de água-viva, ficar feliz vendo o verde e achar que n vale a pena arriscar conviver com cobras. Cabe em mim me doa nas amizades, como cabe aprender a olhar mais pro meu próprio umbigo de vez em quando. Cabe em mim adorar circular na noite, falando com gente, como cabe ficar com vergonha. Cabe até gostar tanto da minha vida assim, cuidando de dar espaço pra criatividade e indo atrás das ideias mais loucas, quanto cabe preferir estar num relacionamento legal que estar solteira (e "Deus me dibre" de um relacionamento em que eu tenha que não ser quem eu sou!). Consigo ter vergonha de dizer que preferia não estar solteira tanto quanto consigo perceber que estou vivendo bem assim e que não valeria a pena me forçar a alguma situação ruim só pra não estar. Cabe em mim gostar muito de gente, mas não me violentar aturando o inaturável só pra ter companhia, pq eu e eu estamos nos dando bem.
Falando em eu e eu e em Deus me dibre, cabe continuar defendendo os direitos das pessoas de não ser segregadas por não seguirem uma determinada religião dominante, tanto quanto coube me reconhecer espírita esse ano. (Talvez seja essa a relação que mais choque. Todos os outros comportamentos e ideias que os outros conhecem e que pareceriam dissonantes, para mim, são coerentes com ser espírita. É isso que sou no momento. Saí do armário espiritual.).

Reflexões adiantadas - 2

    Um fato curioso que ocorreu este ano foi um amigo dizer que estava surpreso de eu já ter usado o Tinder, pq achava q era "coisa de looser". Além de rir muito pelo fato de ele não me classificar como looser, não pude deixar de pensar mais seriamente sobre como as pessoas ainda dividem o mundo assim. Eu tinha descoberto em 2015 que não existem adultos; este ano, a complexidade das pessoas e relações se abriu diante de mim, de tal maneira que agora sei que td bem destoar do esperado  - pq essas divisões não existem. "Td mundo erra sempre, td mundo vai errar" - e acertar tb.

Reflexões adiantadas - 1

    Talvez seja um pouco cedo para uma reflexão anual, mas talvez seja inevitável fazer logo isso, considerando que este ano durou 84 anos. Ou talvez seja só momento de lembrar que reflexões são diárias e constantes e é ilusão pensar que há um momento definido pra elas.
    Se eu fosse pensar na minha maior descoberta do ano, talvez seja a confirmação de que é pequena a minha disposição pra sair por aí escrotizando as pessoas. Foi um ano lindo, de descoberta de poderes, e eles não foram usados pra diminuir as pessoas! Isso legitima as minhas conquistas, e afasta o medo de que as pessoas não gostem de mim quando eu tenho sucessos - principalmente pq agora estou mais convicta de que esse é o mesmo processo de quando não gostam de mim pq eu tenho fracassos: o processo de julgar as pessoas pela adequação. Tenho sucessos e fracassos, afinidades e estranhezas, e sou algo que está além de todas elas.
    Senti pressão para me adequar a muitas "cenas", e isso me ajudou a ressignificar a experiência do período escolar. Vou continuar circulando em todas em que (me) sentir (à) vontade, sem julgar quem não está nelas, nem fechar os olhos para os defeitos de quem está. Hj tenho certeza de q n vale a pena se esforçar pra se enquadrar num padrão só pq ele n é o padrão topzera. Padrão é padrão, e segregar as pessoas pelos pontos em que elas destoam deles é sempre a mesma coisa.
    (Não estou propondo achar td lindo, aceitar td, mas, se é pra sofrer as consequências de não me enquadrar, que seja um "não-enquadre" real, e não um grupo de cheerleader diferente).
    Começo o ano vendendo livros e panelas, alegria na mente a cada 15 pila; termino o ano vendendo meus próprios livros, q eu mesma escrevi. Não é mesmo lindo? Um ano de sofrimentos, desilusões, saúde prejudicada, atrapalhações surreais, mas um ano de força, de entender que eu não vou me tornar automaticamente arrogante se eu fizer coisas por mim msm, pq simplesmente n está em mim maltratar gratuitamente as pessoas.
   

domingo, 24 de setembro de 2017

A Flor Roxa ( ou Sendo Trouxa)

"O amor é uma flor roxa que nasce no coração dos trouxa", sempre disse minha mãe.
E eu, que não ando sabendo de amores, queria só pular janela, portão, muro em busca de uma dessas flores que anunciaram a primavera em Floripa.
Diante do absurdo da possível queda, reflito sobre a eficácia e durabilidade da flor depois de colhida; talvez eu até me decepcione já ao me aproximar, e não com o passar dos dias.
Talvez sejam assim tb os amores: inalcançáveis, efêmeros, mais bonitos quando olhados de longe.
Ainda assim, a pintura roxa que se estende diante de minha janela alegra meus dias...


quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Em 13 de setembro de 2016, disse:
 "A alegria ao ver uma amiga/hermana querida n era surpresa, mas sim a outra alegria que depois emana:
Alegria de rever sua casa, suas coisas, alegria material que ao espírito inflama.
(Acendendo estranha chama - Florianópolis, 12/13 de setembro)."

Quem eu visitei, meodeos? kkkkkkkkkk

domingo, 3 de setembro de 2017

Ainda de gente vaidosa

Pois trago verdade(s):
Em 50 ou 100 anos é certa a mortandade,
Então pouco ou nenhum sentido
Faz ser assim tão "exibido",
cair dentro de uma espiral de vaidade!
(Longe de mim querer fazer alarde!)

"As pessoas se machucam pq são loucas!"
- Grito num domingo, à voz rouca,
Compreensão muita, ressaca pouca
(ou compreensão pouca, ressaca muita)
Diante de uma tristeza diminuta
Que escorre pelo canto da boca
Deixando a cabeça oca
Vislumbrando o eterno "dormir de toca".

"Melhor assim, talvez" – mas não vejo
Melhor assim, talvez, mas não quero
Ainda assim, espero
Diante da falta de um pranto sincero
Que não sinalize uma falta de esmero

E sim a mais clara falta de desejo.

quarta-feira, 30 de agosto de 2017

Conto bem curto

Surpreendia-se não por gostar da dor que lhe imprimiam aquelas garras negras, mas pela inesperada delicadeza da pele e da estrutura daquelas mãos monstruosas...

(Não pensei num título)

Foi-se o último dos erros
Terminam por agora os dissabores
(Como os daquela canção "Dolores")
Devo pintar-me com novas cores             
Em lugar de me prender a horrores
Mudo de ideia sem grandes urros

Não me disponho a adular macho babaca
Olho piedosa pra necessidade de atenção
Ainda assim, não me comove o coração
Não que eu proponha aqui um sermão
Nesta rima pobre, terminada em "ão"
Mas tem postura que me ataca

Me afronta um pouco tal modo de estar no mundo
Ainda que eu saiba o que é pesar profundo
Mas, nem mesmo por um único segundo
"Aparecer" se torna o objetivo (Acho imundo!)

Já não me escondo nem me deprecio
Porém não compartilho deste modo vadio
De, tal qual um cachorro no cio,
Querer sugar do outro algo pra manter o brio

Após olhar pra dentro, pro fundo,
Sigo achando desnecessário
Comportar-se como tal, otário
E lanço neste blog/diário
A percepção de que, na jornada diária
Mais que a corrida narcísica otária
Vale é a dedicação realmente necessária
À melhoria da vida no mundo.


quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Angústia

Toma-me, mais uma vez, a angústia.
Ressinto-me do que sou.
Num instante, parto sem medo, num impulso;
Em seguida, paraliso, me arrependo do que faço,
E às paranoias que repentinamente me dou,
Engulo como se fossem hóstias.

Talvez seja a religião do medo:
Não importa qual seja o enredo,
Encontro um meio de acusar-me
Aponto pra mim mesma o gatilho-dedo
E não há como consolar-me.


De onde a sensação de pequenez?

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Outro sobre Alex Moreira

Pois, não sejas tão libriano!
Sei que há algo de profano 
Por trás do olhar carente de bichano
Que certamente me causará dano
(Não vá se aproveitando!)
Que não te confunda o rapaz franzino
Ainda que pareça um menino
Tamanho o modo, o jeito felino
Tem algo é de um libertino
(Não vá se apegando!)
Faz falta um final para a escrita
Faz falta uma continuidade para a vida
Melhor que continuar na lida
É falar bobagem em vez de ficar aflita

quinta-feira, 27 de julho de 2017

Créu.

"O pensamento segue a linha de fuga do vôo da vassoura da bruxa", dizia o finado Cid. E no meio do pensamento livre, pensando sobre os momentos em que a gente se sente ridículo exatamente por cumprir o código social, e não por descumprir, lembrei de dançar créu. Percebi que essa situação vergonhosa se vincula às lembranças das últimas festas da faculdade, em 2007, e então me dei conta: Meodeos, "Créu" já tem 10 anos de disposição, habilidade, 5 velocidades e vergonha. Créééu!

segunda-feira, 5 de junho de 2017

Do ilusório do livro das faces

E, de repente, percebeu o que tudo aquilo reforçava. Nada, nas fotos festivas, dava pistas dos momentos de comer apenas arroz com cenoura pq "era o que tinha". Vestir roupas n falava do sacrifício de lavá-las no chuveiro numa casa sem tanque e sem área. Sequer o ato de estar sempre com as mesmas botas denunciava a inexistência de outro par. Só reclamações maciças o poderiam, mas como reclamar da realização do sonho da manutenção do desejo de estar viva?
(Sentiu-se triste pelos colegas que, desde cedo, sonhavam com riquezas e checklists. Notava agora que a raiz de toda a satisfação estava no tipo de coisas que almejara.)

segunda-feira, 20 de março de 2017

Dos e-mails de dieta que chegam

"Chegue aos tão almejados 72 kg",
diz o e-mail.
E eu, apesar de conhecer este meio,
ainda assim, me pergunto:

Tão almejados sabores,
Tão almejados prazeres,
Tão almejados amores,
Tão almejadas fugas de dores...

E é pra reduzir meu peso que me mostram caminho?

Sonho, e não esmoreço
Sonho, berro, desejo,
Construo, e até msm esqueço,
Mas, do alto (das mais altas e baixas) aspirações,
Não sonho com peso
(É assim que eu vejo).