Eqto eu escrevo, uma parte ferve, perto do meu ombro. Estou
dentro de casa e a quantidade de sol é irrisória. E, além disto, eu estava mto
longe da janela, então não há msm motivo pra uma reação ao sol agora. O fato é
que me lembrei agora, e chorei, pelo que me lembrei ontem. N sei qts anos eu
estava fazendo. Lembro bem do aniversário de 6 ou 7 anos; os outros confundo um
pouco. Mas havia tb, no mesmo bairro, um aniversário de 15 anos. Não sei se não
fomos convidadas ou se minha mãe resolveu não ir por causa do gasto com roupas,
que é mais alto pra esse tipo de evento, ou ainda se simplesmente não achou
adequado, ou se não previu o que ia acontecer. Lembro bem que minhas primas
(sequer lembro quais!), que moravam longe, estavam na minha casa apenas pra ir
nesta festa, e falavam nela o dia inteiro. Acho que foi quando aprendi que um
aniversário de 15 anos é uma festa mais elaborada. O absurdo está na presença
das minhas primas na minha casa para ir a uma festa que não é a minha. Nem sei
se não confundo em colocar estes eventos no mesmo dia (e talvez fizesse algum sentido
pra mim que fossem pra outra festa, pq eram bem mais velhas); mas, do que tenho
certeza, é que tive uma festa de aniversário sem convidados, porque as pessoas
foram pra outra festa. Pra não dizer que não houve convidados, uma amiga da
minha mãe apareceu com suas filhas, mas a mais velha, que era de uma idade
próxima, era muito chata, e eu sempre me sentia tendo que me submeter às
vontades e julgamentos dela pra poder brincar. Por fim, passei uma parte do
tempo indo sozinha até a porta, abrindo e fechando, no que era repreendida por
minha mãe. Talvez eu realmente corresse o risco de prender o dedo ou quebrar a
porta, como ela devia pensar. O que ela não sabia é que eu estava brincando de
receber convidados. Fingia que chegavam, que os cumprimentava e deixava entrar.
Hoje, adulta, sempre tentam me convencer de que basta ser eu
mesma que as pessoas certas chegarão até mim. Concordo, racionalmente, e até
convenço outras pessoas do mesmo. No entanto, no mais íntimo do meu ser, e mesmo
em esferas menos profundas, diante das mais variadas experiências, fica o
aprendizado da criança que jamais entendeu o abandono, ou o que teria feito
para merecê-lo. Fica a sensação de não ser acolhida, de poder se deixada de
lado a qualquer momento por alguma razão que sequer posso mudar, pq sequer
compreendo. Deve haver algo de errado comigo, algo de ruim em mim, que não sei
o que é, que justifique o desprezo. Talvez eu esteja, a vida inteira,
procurando este algo, e por isso sempre ache que o encontrei a cada momento em
que algo me acontece; talvez por isso que, diante de qualquer dificuldade ou
tristeza, seja tão fácil eu me admitir culpada sem saber do q, merecedora de
toda e qualquer rejeição.