Do alto da segurança burguesa do décimo andar, quase escrevi um post cômico falando de pudim. Imaginei que logo enjoaria com o cheiro que entrava pela janela e que o vizinho responsável pelo cheiro de pudim queimado teria que vir me dar um remédio e segurar minha cabeça enquanto eu vomitava.
Não sei quanto tempo se passou até que eu soubesse que não era pudim, que alguém tinha queimado o sofá do mendigo. Pessoa em situação de rua. Nesse momento, a linguagem mais carregada de estigma talvez exprima melhor a vulnerabilidade de alguém que hj vi sentado pleno em um sofá, e hoje mesmo o sofá não existe mais.
Fico feliz por não ser o tipo de pessoa que queimaria o sofá do mendigo. No entanto, em momentos como esse, é preciso ser muito mais.
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