segunda-feira, 25 de abril de 2016

Em duas partes

Narrativa construída pela autora. Trindade.

Por ironia do destino, em um caminho familiar de outrora que é agora bem distante do que agora é de ambos, viu-a através de seu carro. Caminhava apressada, algo entre trôpega e imponente. Envolvida que estava em seus pensamentos, a mulher tinha personalidade forte, marchava com vigor e sequer se apercebia dos olhares que atraía ao passar. Não se preocupava com esses olhares. Tinha outras coisas com que se preocupar e direcionava-se sempre a elas.
"Que tipo de idiota perderia uma mulher dessas?" – perguntou-se, quase ao mesmo tempo em que respondeu: "Eu perdi."


Narrativa biográfica do momento da autora. Campeche.


Não era a primeira vez que escrevia sobre algo que não acontecera com ela mesma, mas era a primeira vez que escrevia em terceira pessoa. Ou melhor, em primeira, porém outra. Primeira terceira pessoa, álter ego, eu lírico, outro, Outro. Pensou que gostaria de escrever poemas eróticos. Balançou a cabeça de forma reprovativa ao perceber que havia pensado em pseudônimos. 2016 e alguém ainda se envergonha de textos eróticos! Achou absurdo, mas concluiu que um heterônimo podia ser uma boa ideia. 

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