Narrativa construída pela autora. Trindade.
Por ironia do destino, em um caminho familiar de outrora que
é agora bem distante do que agora é de ambos, viu-a através de seu carro.
Caminhava apressada, algo entre trôpega e imponente. Envolvida que estava em
seus pensamentos, a mulher tinha personalidade forte, marchava com vigor e
sequer se apercebia dos olhares que atraía ao passar. Não se preocupava com
esses olhares. Tinha outras coisas com que se preocupar e direcionava-se sempre
a elas.
"Que tipo de idiota perderia uma mulher dessas?" –
perguntou-se, quase ao mesmo tempo em que respondeu: "Eu perdi."
Narrativa biográfica do momento da autora. Campeche.
Não era a primeira vez que escrevia sobre algo que não
acontecera com ela mesma, mas era a primeira vez que escrevia em terceira
pessoa. Ou melhor, em primeira, porém outra. Primeira terceira pessoa, álter
ego, eu lírico, outro, Outro. Pensou que gostaria de escrever poemas eróticos.
Balançou a cabeça de forma reprovativa ao perceber que havia pensado em
pseudônimos. 2016 e alguém ainda se envergonha de textos eróticos! Achou
absurdo, mas concluiu que um heterônimo podia ser uma boa ideia.
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