domingo, 19 de novembro de 2017

Reflexões adiantadas - 3

    Num mundo em que acha estranho até a roupa que eu visto, e acredita, tolinho, que pode tirar conclusões sobre mim a partir de como eu me visto, ignorando que eu posso fazer o cosplay que eu quiser, ou ainda realmente me apresentar completamente diferente conforme meu desejo do dia (ou ainda o que tiver pra expressar no dia), é engraçado mas n surpresa que as pessoas buguem qdo se surpreendem com as coisas mais irrelevantes. Eu já chorei desfilando em escola de samba, e já desfilei em show do System of a Down, e em nenhum dos momentos eu estava fingindo pra e adaptar ao contexto. As duas pessoas são parte de mim. Cabe em mim fazer uso de substâncias entorpecentes e dizer "não, obrigado" qdo eu n quiser. Aliás, posso beber de vomitar ou tomar só um suco que a disposição de trocar, de rir, não some. Cabe em mim tanto o desejo de continuar saindo à noite para o resto da vida quanto cabe ir começando a fazer coisa de dia, agora que estou começando a testar novos meios de poder pegar sol. Cabe em mim tanto ter alergia do sol (mas que fique pra trás, por favor!) quanto amar o mar. Cabe em mim amar o mar e ter pavor de água-viva, ficar feliz vendo o verde e achar que n vale a pena arriscar conviver com cobras. Cabe em mim me doa nas amizades, como cabe aprender a olhar mais pro meu próprio umbigo de vez em quando. Cabe em mim adorar circular na noite, falando com gente, como cabe ficar com vergonha. Cabe até gostar tanto da minha vida assim, cuidando de dar espaço pra criatividade e indo atrás das ideias mais loucas, quanto cabe preferir estar num relacionamento legal que estar solteira (e "Deus me dibre" de um relacionamento em que eu tenha que não ser quem eu sou!). Consigo ter vergonha de dizer que preferia não estar solteira tanto quanto consigo perceber que estou vivendo bem assim e que não valeria a pena me forçar a alguma situação ruim só pra não estar. Cabe em mim gostar muito de gente, mas não me violentar aturando o inaturável só pra ter companhia, pq eu e eu estamos nos dando bem.
Falando em eu e eu e em Deus me dibre, cabe continuar defendendo os direitos das pessoas de não ser segregadas por não seguirem uma determinada religião dominante, tanto quanto coube me reconhecer espírita esse ano. (Talvez seja essa a relação que mais choque. Todos os outros comportamentos e ideias que os outros conhecem e que pareceriam dissonantes, para mim, são coerentes com ser espírita. É isso que sou no momento. Saí do armário espiritual.).

Reflexões adiantadas - 2

    Um fato curioso que ocorreu este ano foi um amigo dizer que estava surpreso de eu já ter usado o Tinder, pq achava q era "coisa de looser". Além de rir muito pelo fato de ele não me classificar como looser, não pude deixar de pensar mais seriamente sobre como as pessoas ainda dividem o mundo assim. Eu tinha descoberto em 2015 que não existem adultos; este ano, a complexidade das pessoas e relações se abriu diante de mim, de tal maneira que agora sei que td bem destoar do esperado  - pq essas divisões não existem. "Td mundo erra sempre, td mundo vai errar" - e acertar tb.

Reflexões adiantadas - 1

    Talvez seja um pouco cedo para uma reflexão anual, mas talvez seja inevitável fazer logo isso, considerando que este ano durou 84 anos. Ou talvez seja só momento de lembrar que reflexões são diárias e constantes e é ilusão pensar que há um momento definido pra elas.
    Se eu fosse pensar na minha maior descoberta do ano, talvez seja a confirmação de que é pequena a minha disposição pra sair por aí escrotizando as pessoas. Foi um ano lindo, de descoberta de poderes, e eles não foram usados pra diminuir as pessoas! Isso legitima as minhas conquistas, e afasta o medo de que as pessoas não gostem de mim quando eu tenho sucessos - principalmente pq agora estou mais convicta de que esse é o mesmo processo de quando não gostam de mim pq eu tenho fracassos: o processo de julgar as pessoas pela adequação. Tenho sucessos e fracassos, afinidades e estranhezas, e sou algo que está além de todas elas.
    Senti pressão para me adequar a muitas "cenas", e isso me ajudou a ressignificar a experiência do período escolar. Vou continuar circulando em todas em que (me) sentir (à) vontade, sem julgar quem não está nelas, nem fechar os olhos para os defeitos de quem está. Hj tenho certeza de q n vale a pena se esforçar pra se enquadrar num padrão só pq ele n é o padrão topzera. Padrão é padrão, e segregar as pessoas pelos pontos em que elas destoam deles é sempre a mesma coisa.
    (Não estou propondo achar td lindo, aceitar td, mas, se é pra sofrer as consequências de não me enquadrar, que seja um "não-enquadre" real, e não um grupo de cheerleader diferente).
    Começo o ano vendendo livros e panelas, alegria na mente a cada 15 pila; termino o ano vendendo meus próprios livros, q eu mesma escrevi. Não é mesmo lindo? Um ano de sofrimentos, desilusões, saúde prejudicada, atrapalhações surreais, mas um ano de força, de entender que eu não vou me tornar automaticamente arrogante se eu fizer coisas por mim msm, pq simplesmente n está em mim maltratar gratuitamente as pessoas.