quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

9 dias sem beber

O que descobri:
- Não sou viciada em bebidas! Huhuuuu!!!
- Sou viciada em gente. Merda. u.U

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Isso foi drama. Na verdade estou sendo habilidosa com esta "compulsão" tb ;-)

Dos escritos perdidos

Animada por aquele frisson que sempre vem depois de um post publicado, pus-me a procurar poemas sobre vc, última paixonite. Tinha a impressão de que havia deixado de publicar algo, como sempre deixo qdo aquilo me afeta a tal ponto que me sentiria afetada demais se publicasse. Enquanto escrevia isso, senti-me satisfeita ao pensar que o encantamento meio que havia passado. Como é bom esse lado leonino, de apaixonar-se e desapaixonar-se com tamanha rapidez!



(Não sabendo precisar, situo em jan/2016 os poemas que pensei em procurar e desisti).
- Mas, Virgínia, vc devia ser organizar pra fazer um livro.
- Bem, acho que já está feito: vc nem imagina qto, com esse ato de escrever, do qto eu me livro. ;-)

Carioquizações no TiRio-TiTri (16/02/2016)

Ver a fila do TiRio-Titri em plenas férias foi surpresa, mas n tanto qto o fato de a última da fila confirmar que se tratava do 847. Eqto pensava no quão carioca era se referir ao ônibus no Rio, tomo qqer lugar no ônibus cheio (porém, longe de estar lotado) e só qdo uma menina vai descer reparo em seu uniforme do Colégio Estimoarte. Penso na raridade de pegar ônibus lotado aqui e na arte de ficar em pé ao lado de alunos do Cefet-RJ para sentar no lugar deles qdo desciam ao passar pela escola, poucos pontos antes de minha entrada e muitos antes do bairro de Botafogo, onde eu desceria para ir ao trabalho. Entre o Rio Tavares e a Costeira, poucas lembranças me remetem ao passado recente e me direcionam ao futuro. Percebo que o elo entre tais experiências não é outro senão eu mesma. Eis de que sou constituída - dentre outras coisas, de artes urbanas, trânsitos e "busões"...

Sobre Naná (e paciência)

Eu, às vezes, tenho muita (até demais); outras vezes, nenhuma. Mas meu celular tem, não restam dúvidas, olha lá: "Solitaire". O meu celular tem paciência!!! Me ponho a jogar e não deixo de lembrar da minha avó. Incontáveis noites jogando paciência. Madrugadas. Dias. Além do impressionante fôlego para viagens, até o fim da vida (vinha da Bahia ao Rio e vice-versa uma, duas vezes por ano, até mais de 80 anos, se não me falha a memória), a senhorinha tinha uma impressionante capacidade de se entreter sozinha. Não era conhecida por ser extremamente adocicada, ou politicamente correta; ao contrário, trazia no rosto a marca dos que não são muito afeitos a esconder suas percepções e discordâncias. Ainda assim, impaciente ou não, apaziguava-se jogando Paciência - ou assim imagino. (Será que jogava com a paciência tb?).
Lembro-me do olhar crítico e surpreendente diante do mundo: "Ana Carolina diz que é bissexual. Isso é a mesma coisa que dizer que comeu feijão ontem. Pra que é que eu vou querer ler isso?".
"Imagine o dinheiro pra trocar essas placas do Banco do Brasil pra botar 'Banco de Maria', 'Banco de João'. Não serve pra nada. Pra quê que eu vou querer 'Banco de Naná'? Vai mudar em quê pra mim?".
"Aí um monte de velhinha analfabeta e a Pastoral da Igreja resolve fazer um amigo oculto de cartão de natal! Pra quê? Por que não dar um paninho, uma coisa que todo mundo vai gostar de ganhar?".
Guardava com carinho essas pérolas/lições e não tinha percebido, até hoje, que saber se entreter sozinha é que tinha sido a maior lição deixada. Se entreter sozinha, treinar a paciência e ditar a vida pelo próprio ritmo, cismando de viajar quando achasse que tinha "precisão" (que era preciso). Eis lições que eu não tinha percebido mas que sempre estiveram ali, ao meu alcance, graças à presença controversa da minha avó...



(P.S.: Sem injustiças com minha outra avó, nem com minha madrinha/avó que era tia-avó. Apenas algo que percebi hoje, jogando paciência.)

sábado, 6 de fevereiro de 2016

Sobre Carnaval e Sensibilidade

Primeiro carnaval longe da família. Lembro de quando era criança e sentava com minha mãe para trabalhar em cima do conceito da fantasia.  Perguntava de que queríamos nos fantasiar e sentava para desenhar a fantasia. O próximo passo era ir pra alguma área de comércio popular, como a feirinha entre Pavuna (último bairro do Rio, em que morávamos), e São João de Meriti (o município do outro lado do Rio). Então comprávamos aquilo de que precisávamos e purpurina e estrelinhas, às vezes tb confetes. Não sei como minha mãe não se tornou estilista.
Lembro do primeiro carnaval em Vila Isabel, passado distante eternizado em uma fotografia onde apareço com pernas tão magras que me dá agonia. Nada contra pernas magras, ou gordas: o jeito que foi feita a foto faz parecer que eu estou alongada de modo artificial (ou assim são os corpos dos adolescentes). Da briga em casa entre Salgueiro e Mangueira, viramos tds Vila. Logo vieram os anos deprimidos, qdo eu nem conseguia me mexer. O carnaval dava vergonha. Viver dava vergonha. Eu era a própria vergonha ambulante, até que estamos na rua e somos chamados pro desfile que fomos ver. Herdeiros da Vila. Desfilei muito feliz na Escola de Samba Mirim, e foi triste quando não havia fantasias que coubessem em mim para que eu desfilasse, bem no último ano em que poderia. (Em escolas mirins, os componentes podem ter no máximo 16 anos, a menos que sejam da bateria – aí podem ter até 18). Entre lembranças de lindos desfiles, guardo com carinho os desfiles pela Unidos de Vila Isabel, a gravação do coro da comunidade, a apuração na quadra na vitória de 2013. Na Vila não se cobrava mais dinheiro pelas fantasias, e sim presença em ensaios que iam progredindo de 1 a 3 vezes por semana, de outubro ao carnaval. Virávamos família.
Hoje estou longe do Rio. Não que não exista carnaval aqui; na verdade, enquanto escrevo olho pras roupas com as quais estou prestes a improvisar fantasias, como sempre fiz com as amigas queridas quando o sol me permitia. (Escrevo isso e lembro do tempo em que não tinha alergia nenhuma e era carnaval de rua de noite e praia de dia. Como era lindo! E como faz tempo! Sorrio pensando que o filho da vizinha que era um garotinho pulando no mar da minha lembrança já é pai.).
O que talvez não exista é a sensibilidade. Ou o carinho. Carnaval era amor, é amor, sempre foi amor. Dói quando falam mal do meu amor, quando se torna bonito difamá-lo, ofendê-lo! Dói quando chamam se festa de hipocrisia, de festa de fingir que tudo vai bem e tds as pessoas são infelizes, pq é exatamente o contrário, pra mim. Carnaval é sair de si para resgatar a si mesmo. É lembrar que tudo isso que nos engessa é ilusório, que nada nos imobiliza se nos dispusermos a nos mover no sentido de fazer tudo. Em um mundo tão bruto, seco, áspero, nada melhor que se reunir com pessoas queridas para cantar e dançar (mesmo que as piores músicas, com os piores banheiros e as piores cervejas!), deixando de lado aquela força estranha que nos compele à grosseria, aos maus tratos. Mais amor, por favor! Mais gentileza desinteressada. Mais sensibilidade. Que a festa da carne é, primordialmente, uma festa da alma.
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(Virgínia Levy é carioca e, acostumada com os carnavais do Rio, passa, em 2016, seu primeiro carnaval em Florianópolis-SC. Compreende que a vida sem sensibilidade, leveza e afetividade é sem graça e milita na resistência contra a brutalização das relações humanas.)