segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Tendo um insigth

Após ter contato com tais conclusões, sentia desejo de enviar um recado a todos que diziam que bullying era uma brincadeira saudável que havia sido demonizada por frescura que isto não era verdade. Queria explicar como era quando essas coisas não vinham de amigos. Como era não ter amigos. Como era não ter amigos e estar cercada de pré-adolescentes (depois adolescentes) dizendo aquelas coisas sem o "tô brincando", ou não dizendo, nada dizendo, rindo ou ignorando. Queria explicar como era acreditar naquelas coisas, como era achar natural que não tivesse amigos mesmo (quem iria querer ficar por perto? xP), e como essas coisas tinham ficado escondidas sob as experiências boas que vieram depois. Precisava dizer que só muito depois, lá pelos 30, percebia o quanto a vida dos 11 anos ainda a afetava, de certo modo.

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Rebeldia

E antes que pudesse escrevê-la, rebelei-me contra a palavra: fiz de sua primeira letra um peixe, de quadra quadriculada, a nadar pelo reino das águas claras, deixando pra trás as ideias turvas, confusas, obtusas, que escondem que o tempo é de sol, flores, fadas! 


Do caráter turvo dos sentidos (em prosa e verso)

                                                                                                                        16/12/2015


Tem algo de real na miopia extrema,
e algo de ilusório na visão real:
A realidade é fatal
nessa nossa vida mortal
O que nos parece normal
É, de percepção, um problema

A visão boa? Problemática.
É ilusão terrena, apenas
Que se apreende a duras penas
(ou gruda naquele a quem envenenas?)
Corrompe de certezas obscena
A realidade caótica

--------------------------------------------------------------------------------------------------------

(Enxergo bem a um palmo do nariz, e só. O resto é de óculos. Mas sabe de uma coisa? Você também. Eu, Você, todos nós. Nos iludimos achando que enxergamos as coisas, mas, muitas vezes, perceber que não se pode enxergar é a visão mais apurada da vida que se podemos ter.)

Catando palavras no Ártico (Processo Catártico)

                                                                                                          15/12/2015


Há, nas tentativas de desapego,
um certo tipo de constrangimento
Negativa irreal do acalento
Angústia que foge ao momento
Que tolhe qualquer movimento
Ainda que o corpo peça arrego

Do sossego ao desassossego
que, ao menos, não vira lamento:
qualquer nesga de sofrimento
jogaria uma pá de cimento,
sepultaria de vez o momento,
Destruiria de vez o aconchego.

O qe fazer da ânsia de agir
Quando não há ação que funcione?
Se nem Dr. de renome
apaziguaria o que me consome?
Silencioso ciclone
em que é preciso entrar pra fugir?

Acalmar-se diante de tal paradoxo
É processo complexo, até tóxico:
Faze-se uma sangria de tinta
sobre o papel em que se pinta
palavras em processo catártico
(Aumentar para diminuir, tal é o paradoxo!)





sexta-feira, 11 de dezembro de 2015

Da chuva em São João

(Peço licença pra postar algo de antes de eu vir pra cá. Algo que aconteceu em São João de Meriti. Entre São João e Pavuna. Logo após o Rio Pavuna, que separa os municípios de São João de Meriti e Rio de Janeiro.)

Falta luz. "Essa é a deixa, vambora!... Ai, Luana, será que eu consigo chegar no metrô antes da chuva?" Poucos minutos foram necessários para que a resposta chegasse - NÃO! 
Corro pela chuva crescente, quando percebo que já não é possível concretizar o plano inicial. Consigo chegar às barracas, e enquanto corro embaixo de suas lonas, e sinto banhado meu braço esquerdo, apesar da ventania decido pegar meu guarda-chuva, que não é o único a saltar para mim na ventania: uma nota de dez reais sai voando. Correndo enlouquecidamente na chuva intensa, avisto a nota pousar e levantar vôo algumas vezes até pousar trêmula num bueiro. Paro, estatelada, como se minha vagarosidade pudesse acalmar o vento para que ele não levasse a nota para longe (ou para dentro), consigo pegar a nota e entrar encharcada num metrô encharcante. Aliviada do calor e contente com a chuva, deslizo mansamente no metrô até o Maracanã, pronta pra renovada dose da gelada e refrescante chuva... e me deparo com um sol que faz parecer que eu nadei, de tão impossível que é imaginar que, ao mesmo tempo que faz aquele sol, em algum lugar, esteja chovendo tanto tanto tanto...

quarta-feira, 2 de dezembro de 2015

Situações de aeroporto (01/12/2015)

O universo (megaverso?), esse lindo, sempre lançando novas oportunidades de recuperar o bom humor, partículas de pólen q vc capta no ar, bolhas de sabão. Hj veio na forma de uma senhora idosa cantando no banheiro do aeroporto. Letra um pouco deprê, mas, sem dúvida, uma bela voz, ainda mais enfeitada pelo riso leve recente com o qual me perguntou sobre o funcionamento da pia do banheiro ("Onde é q abre isso aqui, minha filha?" Kkkkk). Mais uma atendente gentil na lanchonete e um menino q aparenta paralisia cerebral acompanhando de outra pessoa, q logo é tratado com carinho pelo funcionário q vem auxiliá-lo a embarcar (é cadeirante), e quase n me lembro mais que queria vir bater na funcionária da cooperativa q disse q no Campeche "é td irresponsável" pq eu quis cancelar um táxi (ora, se fosse irresponsável n m dava ao trabalho de ligar, n é verdade?), ou que quase perco o vôo pq a rádio táxi n atende o telefone cedo, ou que n estou animada para viajar. A beleza da vida está posta, "os dados estão lançados"; basta se dispor a ver. As partículas estão lá; o plantio é seu.

Do leão sem coragem

Parecia adormecido
isolado em outra era,
mas, um pouco que baixe a guarda
e a timidez bate na estratosfera
Não só pelo corpo abatido
Ou pelo medo que impera:
Qdo se está combalido
Msm se a gente prospera
Não ruge, criatura assustada,
Foge a apavorada fera.