quinta-feira, 29 de outubro de 2015

Fim do Estranhamento (?)

Na porta de casa, pregando a Maria Cebolinha na parede. Vem um gringo de bermuda , o que estranho pelo dia nublado, mas percebo que tb estou de short e, que, portanto, n está tão frio. Ele me pergunta com dificuldade por uma rua que não conheço. Pergunto de onde é, pq o português tá difícil. O velhinho é argentino. Eqto penso em procurar no Google Maps, ele me pergunta pela "Pequeño" Princípe. Explico que tanto pegando a rua à direita qto à esquerda, chegará lá. Ele me conta que caminhou td isso pela praia, e pergunta o que há do outro lado da Jardim dos Eucaliptos, e é com incredulidade que encara o fato de que não há nenhuma grande avenida nesta direção. Digo que teria que caminhar por uma hora, o que não sei se é exatamente verdade, mas n queria fazer o gringo se perder ainda mais pelas ruas lamacentas do Campeche, então quis frisar que eram bem "lontano" msm. Explico que o caminho mais perto é "derecha, después izquierda". Ele se retira...

            ... e eu penso sobre o estado de total mobilidade e impermanência das coisas. Primeiro de tudo: eu tenho uma planta! Td bem que eu ganhei, n plantei, mas, cara, eu tenho uma planta! E estava dedicada a ela quando o cara apareceu! Vcs sabem o qto eu sou urbana. Ou era, pq aí está o terceiro de tudo... Mas passemos ao segundo:  eu sei que faz mais calor quando está chovendo que em dias frios, em épocas frias. Qdo esse conhecimento se alojou em mim? Sou carioca! No Rio, chuva é o que refresca/esfria. Nunca faz mais frio sem chuva que com chuva! Que relação de familiaridade é esta com o que era tão novo, tão diferente do habitual? Quando se tornou pra mim normal viver numa rua em que há terrenos e vacas, a ponto de explicar com naturalidade pra um estrangeiro que não há uma avenida logo ali? Quando deixou de ser eu a forasteira, quando deixei de me surpreender?

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