Na porta de casa, pregando a Maria
Cebolinha na parede. Vem um gringo de bermuda , o que estranho pelo dia
nublado, mas percebo que tb estou de short e, que, portanto, n está tão frio.
Ele me pergunta com dificuldade por uma rua que não conheço. Pergunto de onde
é, pq o português tá difícil. O velhinho é argentino. Eqto penso em procurar no
Google Maps, ele me pergunta pela "Pequeño" Princípe. Explico que
tanto pegando a rua à direita qto à esquerda, chegará lá. Ele me conta que caminhou
td isso pela praia, e pergunta o que há do outro lado da Jardim dos Eucaliptos,
e é com incredulidade que encara o fato de que não há nenhuma grande avenida
nesta direção. Digo que teria que caminhar por uma hora, o que não sei se é
exatamente verdade, mas n queria fazer o gringo se perder ainda mais pelas ruas
lamacentas do Campeche, então quis frisar que eram bem "lontano" msm.
Explico que o caminho mais perto é "derecha, después izquierda". Ele
se retira...
... e eu
penso sobre o estado de total mobilidade e impermanência das coisas. Primeiro de tudo: eu tenho uma planta!
Td bem que eu ganhei, n plantei, mas, cara, eu tenho uma planta! E estava
dedicada a ela quando o cara apareceu! Vcs sabem o qto eu sou urbana. Ou era,
pq aí está o terceiro de tudo... Mas passemos ao segundo: eu sei que faz mais
calor quando está chovendo que em dias frios, em épocas frias. Qdo esse
conhecimento se alojou em mim? Sou carioca! No Rio, chuva é o que
refresca/esfria. Nunca faz mais frio sem chuva que com chuva! Que relação de familiaridade
é esta com o que era tão novo, tão diferente do habitual? Quando se tornou pra
mim normal viver numa rua em que há terrenos e vacas, a ponto de explicar com
naturalidade pra um estrangeiro que não há uma avenida logo ali? Quando deixou
de ser eu a forasteira, quando deixei de me surpreender?
